"Eu fico com a pureza da resposta das crianças..."

É impressionante é a como é lindo a sinceridade e espontaneidade das belas crianças que encontramos no nosso caminhar diário.

Mas tenho um problema com crianças. Tudo bem, tudo bem. Voces devem pensar: Que homem mais ranzinza. Mas este não é o caso. Amo crianças, tenho uma sobrinha incrível e pretendo ter uma família com no mínimo 3 filhos. Me dou muito bem com eles em qualquer idade e também gosto muito.
Mas ultimamente andei reparando que esse pequeno ser sincero e espontaneo ultrapassa todos os limites da clareza.

No meu caso em relação ao Parkinson a questão é muito simples. Toda a criança, eu digo, toda a criança tem um sensor altamente aguçado para perceber o mínimo possível de tremor. Eu costumo chamá-los de TanderCats, pois os pequenos gafanhotos possuem "visão além do alcance".
Quando voce está bem, se sentindo confiante, sem nenhum tremor aparente me aparece uma criança do nada e diz: Tio, porque voce tá tremendo? Tá passando mal?

Uma coisa é certa, se eu não estava tremendo a partir desse momento, começo. A percepção aguçada das crianças em conseguir ver uma coisa ínfima me deixa com um sentimento mesclado de admiração e vontade de correr...hehehhee.

E logo após ao estado de águia que se encontram vem o desabafo sincero. Mas isso não me aborrece.
Hoje as crianças são um belo termômetro para mim. Quando vejo uma, já fico logo esperando que eles reparem... ou não. Se não comentarem nada é porque estou muito bem, melhor do que eu mesmo esperava. Se começarem a olhar fixo pro meu braço já sei que vão soltar alguma e preciso me acalmar.

No começo quando ainda estava aprendendo a lidar com o parkinson (digito em letra minúscula de propósito, não quero dar esse gostinho para a doença) eu dava algumas respostas atravessadas para os pequenos graciosos. Hoje, com a vivencia, já levo na brincadeira. Lógico e como não levar?

Ano passado, minha avô Emilia faleceu. Por mais que os seus 94 anos já a encaminhavam para um destino iminente a minha avô era muito forte. Ainda morava sozinha, fazia sua comida, realiza suas compras, comia um prato nas refeições que parecia que tinha acabado de bater uma laje, e os netos costumavam dizer que ela iria viver mais do que eles.

No dia do enterro dela, estávamos eu, o meus 2 irmãos e duas crianças. Estávamos lanchando quando as duas crianças, por incrível que pareça ao mesmo tempo,  olharam pra mim, se entreolharam e perguntaram para mãe:

- Mãe, o moço ali tá tremendo porque está doente? É por isso que ele está no cemitério?

Sim amigos, acreditem. Os pequenos anjos queriam me enterrar vivo!!!! 
Eu não estava tremendo, estava me sentindo bem. Mas elas conseguiram dinovo. Comecei a achar e externei isso em voz alta: Acho que isso não são crianças e sim unpa lunpas do Willi Wonka.

A questão é: Seria simples a minha solução ser me afastar e evitar o convívio com as crianças. Seria muito mais simples fugir dos problemas, de encarar o incerto. E não se enganem amigos, uma vez ou outra teremos que enfrentar situações que vão nos exigir humildade e controle por que sabemos como funciona o parkinson. Mas se tiverrmos acostumados a lidar com situações assim, saberemos administrar e se tudo der errado sempre soltar uma piada no final. É sério. Uma piada no meio de uma situação ruim é o mais indicado para manter nosso pé no chão e nos importarmos com o que realmente nos faz feliz.

Abraços.

Comentários

Unknown disse…
É meu amigo PK, eu também presto muita atenção aos meus netos, cada dia uma nova experiência, eles estão em outra sintonia, mas vieram para nos mostrar o outro lado das coisas, o irmão JESUS profetizou que venha a mim as criancinhas. Dizem que as crianças nunca mentem, mas é preciso saber educar.
Elas cutucam e nós aprendemos.
Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
E sua alegria é contagiante, vc é admirável, seu sorriso é fascinante!!! Por favor, continue nos enchendo com suas experiências, são muito interessantes!!!

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