Aos vencedores, os despojos!!!
Tenho um colega que sempre reclama comigo de como o serviço publico no "Brasil" é ruim. Sempre falando de suas filas enormes e na burocracia para conseguir os medicamentos. E sempre relembrando que outros países são melhores e mais humanos do que o nosso.
Ouço atentamente todas as suas observações e reclamações. As vezes acho que ele me vê como ouvidoria da presidência da república ou do Ministério da Saúde.
Em nosso último contato comecei a questioná-lo:
- Meu amigo, você teve algum problema em pegar os seus remédios? Teve algum que você não conseguiu?
- Não Rui, todos eu consegui.
- Então não existe motivos para reclamar dos medicamentos, comentei. E outra a burocracia se faz necessária. Se pensar um pouco vai verificar que é preciso comprovar pro governo que voce precisa, pois podem existir várias fraudes.
Essa situação é parecida quando ligamos no 0800 do nosso banco e o atendente nos pede para confirmar várias informações pessoais desde CPF, endereço até o nome do bichinho de estimação da nossa ex-namorada (exagero). Muitas pessoas não tem a paciência de informar tudo isso, mas pense no contrário. Se o seu dinheiro fosse usado indevidamente por outra pessoa e você descobrisse que é muito fácil o acesso a sua conta, você também estaria reclamando por falta de segurança por parte do banco. Quer dizer, sempre pensamos apenas do nosso jeito.
Bem, continuando a minha conversa com esse meu colega, perguntei:
- Quanto tempo você fica na fila quando pega medicamentos?
- Em torno de 1:30 normalmente, disse ele.
- Você está reclamando que de suas 720 horas no mes é difícil perder uma hora e meia para conseguir medicamentos de "graça"?
- Já tentou utilizar a Secretaria de Saúde em outro estado Brasileiro?
- Não, respondeu ele.
- Então não pode reclamar de todas as instituições do Brasil correto?
- Quer dizer que você consegue toda sua medicação, demora apenas uma hora e trinta para pegá-la, tem continuidade no recebimento e ainda consegue tirar alguma coisa para reclamar?
Nesse mesmo dia estava na rodoviária e estava em pé na fila do ônibus que ainda não havia chegado ao local. Estava indo para outra cidade na ocasião.
Estava um pouco nervoso e como todos sabem o nervosismo ajuda o nosso amiguinho parkinson a se manisfestar. No meu caso o tremor e perda de um pouco de coordenação.
Alguns minutos depois, fui abordado por um mendigo que por razões obvias me pedira dinheiro, apenas umas moedinhas.
Estava com moedas e alguns papeis no bolso. Enfiei a mão para retirar algumas. Mas como sabemos que "nem tudo são flores" minha falta de coordenação começou a agir. O resultado, consegui pegar apenas uma moeda de 25 centavos. Para não me complicar entreguei a moeda ao pedinte e voltei a colocar a mão no bolso para pegar outra moeda.
Nesse mesmo momento tive uma perspectiva física. Compreendi que o tempo passa mais rápido para você (no caso eu que tenho parkinson) do que a pessoa que está me observando. As vezes como nos acostumamos com os nossos sintomas não percebemos que somos lentos ao olhos de outros. É parecido com a teoria da viajem na velocidade da luz em que o tempo passa mais devagar para o que está viajando do que as outras pessoas. E nesse caso o mendigo estava na velocidade da luz. Tanto é verdade que ele nem esperou eu pegar outra moeda e já foi devolvendo a moeda de 25 centavos que eu havia entregado, finalizando a devolução com os seguintes dizeres:
- 25 centavos eu não preciso não...
Eu sinceramente não sei que sensação eu tive na hora. Foi estranho. Não tive raiva ou outro sentimento negativo. Mas foi uma sensação de incompreensão.
Fiquei pensando: O Brasil teve realmente uma melhora em sua suas classes sociais. Agora até os mendigos possuem um piso em suas contribuições recebidas. Não é só porque o dinheiro é de graça e sem esforço nenhum que pode ser qualquer coisa....Não!!!!!
Talvez em pouco tempo veremos pedinte com carnê, outros com a maquininha da Cielo e até alguns que cobram mensalidade para aquelas pessoas que encontram o mesmo mendigo no seu dia a dia indo para o trabalho e não querem ter o incomodo de fazer o mesmo processo todos os dias.
Depois dessa conversa com meu amigo fiquei pensando em como existem pessoas que possuem uma mente volúvel e depois da situação na rodoviária fiquei pensando em como as pessoas sempre acham motivos para reclamar de tudo. Muitas não são formadoras de opiniões mas apenas seguem a maré.
Esses fatos se comungam para mostrar em como as pessoas nunca estão satisfeitas com o que possuem e não pensam como tem sorte de as tê-las. "O que é demais nunca é o bastante" já dizia Renato Russo.
Quero aproveitar esse blog e ser justo com o serviço que muito utilizo. Gostaria de lembrar que não sou afiliado a nenhum partido político. Não estou defendendo nenhum governo. Só quero reportar aquilo que vejo e que eu vivencio.
Como todo parkinsoniano também obtenho meus medicamentos pela Secretaria da Saúde, no meu caso em Belo Horizonte e não poderia deixar de salientar o como é eficiente este serviço.
Desdes os primeiros passos para a aquisição da medicação fui muito bem atendido por todos na secretaria de saúde de Belo Horizonte. Desde o recepcionista ao farmacêutico. Sempre se esforçando em me ajudar, procurando resolver os problemas e quando não conseguiam me davam toda a atenção para me instruir a resolver.
Lógico, por se tratar da Secretaria de Saúde é evidente que em vários momentos se apresentam cheios de pessoas que também possuem o meu mesmo objetivo. Mas mesmo quando o local está com sua capacidade lotada os recepcionistas, enfermeiros sempre me atenderam muito bem.
Quando tive problemas com a minha medicação roubada (acreditem roubaram minha medicação) ou quando eu tive que utilizar medicamentos a mais, os responsáveis na Secretaria de Saúde de Belo Horizonte faziam questão de me ouvir e buscavam soluções (mesmo não sendo obrigados a me atender). Antes de qualquer ação sempre me perguntam se eu tenho medicação suficiente, se eles podiam me ajudar de qualquer forma...
Albert Einstein dizia que:
Só há duas maneiras de viver a
vida:
A primeira é vivê-la como se os milagres não existissem,
A segunda é
vivê-la como se TUDO fosse um milagre!
Abraços.
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